quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Txai

Txai é fortaleza que não cai.
Mesmo se um dia a gente sai,
fica no peito essa flor.

Txai, este pedaço em meu ser.
Tua presença vai bater
e vamos ser um só.

Lá onde tudo é
e apareceu como a beleza que o sol te deu
é tarde longe também sou eu.


Txai, a tua seta viajou,
chamou o tempo e parou
dentro de todos nós.

Já vai, ia levando o meu amor
para molhar teus olhos
e fazer tudo bem,
te desejar como o vento,
porque a tarde cai.
Txai é quando sou o teu igual,
dou o que tenho de melhor
e guardo teu sinal.

Lá onde a saudade vem contar
tantas lembranças numa só,
todas metades, todos inteiros,
todos se chamam txai.

Tudo se chama nuvem,
tudo se chama rio,
tudo que vai nascer.

Txai, onde achei coragem
de ser metade todo teu,
outra metade eu
porque a tarde cai
e dona lua vai chegar
com sua noite longa,
ser para sempre txai.
Márcio Borges e Milton Nascimento
(Txai: "Mais que amigo, mais que irmão.
A metade de mim que existe em você
é metade de você que habita em mim.")

domingo, 14 de dezembro de 2008

Versos de fim de ano

I

Você sabia que a lua
ainda não foi visitada?
Que há sempre uma lua nova
dentro de outra, e encantada?

É lá que vivem as graças
que nesta quadra do ano
a gente sonha e deseja
a todo o gênero humano.

Mas a lua, preguiçosa,
nem sempre atende à pedida?
A gente pede assim mesmo
até melhorar a vida.

Carlos Drummond de Andrade
in Receita de Ano Novo

Desabafe...

No barco...